Revista Philomatica

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Conto clichê e quase pornô

Dizem que há quinze anos Deoclécio já era tão falado e conhecido quanto é hoje. Homem alto, forte, fazia-se impressionar logo à primeira vista pela vasta cabeleira loura e pelos olhos azuis feito duas bolinhas de gude. Filho de fazendeiro da vizinha Rio das Antas, Deoclécio, ele, descendente de alemães que se instalaram na região logo no final do Império, puxara ao pai, que puxara ao avô, que puxara ao bisavô, que viera para este Brasil desconhecido logo que soubera por um Conde amigo seu que aqui a riqueza sobejava das matas e dos mananciais. Na família, diziam que o ancestral viera para se estabelecer nas Minas Gerais, mas, encantado com o sul, acabara ficando. E ali, na pacata Rio das Antas, que naquela época nem vilarejo era, acabou fincando pé o bisavô, o avô e o pai de Deoclécio.

Certa vez alguns membros da família, revoltosos, armaram motim para que fosse feita a partilha e a mudança para Mato Grosso, onde, diziam aqueles, era lugar ideal para se aumentar o patrimônio.

Deoclécio, com a parte que lhe coube, partiu para não muito distante, a mais pacata ainda, se comparada a Rio das Antas, a pequena Morro Branco que, como qualquer vila do interior, tinha tudo o que era preciso para a tranquilidade dos não muito ambiciosos, que buscavam a paz do dia-a-dia, sem surpresas.

Com uma fazenda de porte médio e alguns empregados, Deoclécio começou a prosperar atraindo para a pequena cidade um frigorífico que se incumbia do abate do gado que ele e mais três outros fazendeiros sangravam regularmente.

O trabalho tomava-lhe quase todo o tempo, pois tinha certo de que o princípio deve ser repleto de todo esforço para que então pudesse vislumbrar a fartura. Havia dias em que, junto dos empregados, apartava o gado, o que o levava à exaustão. Sabia, porém, que tudo isto era necessário, visto que, se deixasse ao léu, nas mãos dos poucos empregados, corria o risco de ver seu esforço perder-se.

Foi num desses dias de completa exaustão que Deoclécio passou no boteco de seu Raimundo à procura de uma bebida forte. O cansaço tomava-lhe o corpo por completo.

Pensava, a cada gole, na caminhada de volta que teria que desenhar até a fazenda. Naquele final de julho o frio teimava em se fazer forte e Deoclécio sentiu um leve frêmito percorrer-lhe o corpo. Tremeu por um instante. Num impulso colocou as mãos entre as pernas distendendo os braços ao mesmo tempo em que soprava a bebida depositada no copo sobre a mesa. Observava as pequenas ondas que o sopro de ar produzia na bebida, que rebatia nas bordas do copo. Aos poucos, adicionava mais vodka e depois soprava, vendo o pequeno furacão que se formava ao centro. Já perdido nos domínios de Baco cuspiu no copo e depois soprou percebendo a densidade do cuspe que atrapalhava as pequenas ondas, desenhando novos contornos. Em seguida desviou os olhos do copo e passou a observar o chão, que era composto de velhos tijolos que antes fizeram parte de uma construção qualquer e hoje, gastos, resistiam em meio às cusparadas e ao catarro que grudava nas solas dos bêbados, dos operários, dos bóias-frias, do mulherio, das gentes da cidade.

Deoclécio esfregava as mãos na tentativa de afugentar o frio. Enquanto fazia isto começou a pensar por que é que sempre o frio lhe oprimia mais as mãos. Sentindo os dedos congelados meteu as mãos de novo entre as pernas e continuou a friccioná-las para que, no contato com as calças, pudesse esquentá-las. Com o movimento, Deoclécio sentiu seu sexo enrijecer-se e, como estivesse todo encolhido e tenso, incomodou-lhe a dor provocada pela pressão das calças. Como que para livrá-lo de uma força contrária, Deoclécio meteu uma das mãos entre as calças e começou a massageá-lo.

No boteco, na penumbra do canto onde estava, excitava-lhe a situação de estar entre outros homens com o pau duro, teso, pronto para o sexo. Inconsciente, Deoclécio engoliu um outro gole de vodka e libertou o primeiro botão das calças. Com uma das mãos dentro das calças conseguiu livrar a cueca, que lhe apertava. O que o fez voltar a si foi a gargalhada de Jairo, um negro falante, conhecido pelas piadas que interpretava. Neste instante, Deoclécio, que até então fitava os tijolos sem nada ver, levantou os olhos e deparou-se com Zulmira.

Solto pela bebida, Deoclécio olhou uma, duas vezes. Não acreditava. Zulmira era a encarnação do próprio pecado. Os peitos saltavam-lhe através do decote avantajado. Sua cor de jambo acentuava seus lábios carnudos como que pedindo para serem mordiscados. Deoclécio desceu o olhar para as ancas de Zulmira e, sem controle qualquer, começou a se masturbar dentro do boteco. Não ouvia nada, só via; a imagem de Zulmira dançava a sua frente em câmara lenta, gelatinosa, desfocada às vezes, nítida logo depois, ora se aproximando, ora flutuando e alçando vôo. Os lábios de Zulmira se movimentavam enquanto falava com seu Raimundo. E à medida que a via rindo e falando Deoclécio intensificava os movimentos que, presos por causa das calças obrigavam-no a esticar as pernas numa procura de espaço, enquanto sua mão trabalhava desenfreadamente, num frenesi. Deoclécio começou a despir Zulmira com os olhos enquanto se masturbava. Num êxtase crescente, apostava corrida com as mãos de seu Raimundo, que colocava a mercadoria sobre o balcão, e Zulmira, que falava e ria. Deoclécio acelerava os pensamentos e a masturbação até que, no ápice do gozo, ouviu a risada aveludada de Zulmira que ele completou com um grito. Grito de gozo e prazer. Todos, sem exceção, voltaram-se para ele.

Uma cabeleira loura que cobria parte de um copo caído sobre a mesa foi o que Zulmira viu pouco antes de sair.

____ Tá delirando!, disse Zulmira.

Deoclécio, sem forças, pensou mais uma vez no caminho de volta antes de tirar a mão de entre as calças sujas de porra pelo recente gozo. Um gozo para Zulmira.

Nesta noite, durante a madrugada, Deoclécio acordou várias vezes e em todas tentava reconstituir em detalhes o perfil de Zulmira. Na última das vezes em que acordou ouviu os passos quietos de Irene. Levantou-se meio trôpego pelo sono e entreabriu a porta. Não tardou um quarto de hora e Irene entrou e se aconchegou entre as cobertas junto de Deoclécio que, fingindo dormir, esperava pelos afagos da galega. Nua, Irene encostou-se em Deoclécio, roçando por inteiro o corpo frondoso do homem. Quase nunca se falavam, tudo era feito silenciosamente e isto agradava tanto a Deoclécio quanto a Irene e também ao seu marido que, sabia, ficava espiando pela fresta da porta.

Relaxado, Deoclécio se submetia às carícias de Irene que nunca pedia nada em troca (o marido meio que se intitulara capataz da fazenda, o que Deoclécio permitiu sem mais inconvenientes). Pouco depois Irene esgueirou-se como cobra por entre as cobertas e começou a roçar-lhe com os lábios desde o pescoço. À medida que sua boca úmida escorregava pela barriga, Deoclécio sentia gelar a espinha e pedia mais. Agora pedia imaginando ser Zulmira.

Irene, obediente, trabalhava com a boca e com a língua sofregamente, enchendo de lambidas e chupadas toda a pélvis para depois, como presente, apanhar com a boca úmida o pênis de Deoclécio e começar a chupá-lo, sorvendo e lambendo cada contorno. Deoclécio puxou as cobertas para o lado e, deitado de costas, contemplou aquela visão que o encheu de um tesão maior. Irene chupava-o prostrada, como que em oração, com os peitos desenhando em suas coxas duas paralelas com os bicos intumescidos.

Ávido, Deoclécio sempre queria mais. Foi quando disse a Irene que a queria inteira.
____ Já sou sua seu Deoclécio – respondeu com cara de gula e os cabelos emaranhados pelo rosto, descabelada ao extremo.
____ Quero te comer todinha – disse Deoclécio, empurrando-a e sobrepondo seu corpo ao dela.
____ Não, não posso. Sou mulher casada.

Irritado, Deoclécio tentou à força, mas a mulher se esperneou e no desespero chegou a esbofeteá-lo para, logo em seguida, sair do quarto correndo. Meio atordoado, Deoclécio ainda pôde ouvir os passos do marido que a acompanhava de volta aos aposentos, que ficavam num outro anexo.

Cansado e sem querer nada entender, adormeceu.

Passou-se algum tempo e Deoclécio só fazia pensar em Zulmira. Perguntava à quase totalidade do mulherio de Morro Branco, pois acreditava que na cidade todas se conheciam; umas diziam nada saber, outras diziam ter ela ido visitar a tia em São Paulo, o que mais tarde acabou se confirmando.

Os dias lhe contemplavam com o brilho e o azul que antecedem a primavera. Nesse tempo passou a ocupar-se da riqueza que o fazia prosperar rapidamente. As noites, algumas delas, eram gastas com as putas da cidade já que Irene não mais o visitara desde o dia em que tentara possuí-la. Sabia, entretanto, que as chupadas que lhe fremiam a espinha agora eram do negro Manecão, boiadeiro que contratara há pouco, atlético e bem dotado, segundo as putas de Morro Branco.

Morro Branco era uma cidade singular. Todos supunham que por ter ela sido colonizada por europeus é que se assemelhava hoje a um pequeno burgo. Na cidade despontavam cidadãos que seriam considerados clichês da comédia humana a qualquer tempo. Prefeito, delegado, padre, comerciantes, fazendeiros, beatas, putas e explorados, todos compunham o quadro de uma vida cujas mazelas eram muito mais frequentes que os raros momentos de felicidade, apesar de as beatas clamarem por eles quase todo o tempo e, na ausência, culparem descaradamente as putas. Estas, lideradas por Madame Sarah, pouco se preocupavam, e a cada frege ecumênico, como diziam, respondiam às beatas com passeios cada vez mais ousados.

Madame Sarah, por sua vez, pouco se abalava com a produção de qualquer pequeno estardalhaço provindo da cidade. Mulher forte e decidida, conhecia profundamente a posição que ocupava. Jamais se esquecia do esforço que tivera que dispender para galgar estorvos que sempre se interpuseram a sua frente. Do alto de seu porte físico e de sua cabeleira ruiva era respeitada até mesmo pelas religiosas, prova disto é que, no advento de qualquer ameaça contra o meretrício, Madame Sarah raramente era citada. Em Morro Branco reinava absoluta, merecendo o respeito dos religiosos e o conluio dos poderosos da cidade.

Dona Margarida, a líder das beatas, organizadora de uma ou duas passeatas culpava a geografia e sempre dizia que, fosse a residência de Madame Sarah na parte baixa da cidade, teria ela muito mais condições de escorraçá-la para bem longe. As ameaças não passavam daí, o que confortava Madame Sarah, fazendo-se mesmo singela com Dona Margarida, se bem que esta nunca respondeu aos cumprimentos da outra.

Dotada de uma geografia cansada, Morro Branco ainda tem o que muitas pequenas cidades têm: um morro – assim como Itabira teve o seu, no alto esquerdo, para quem olha da igreja. A igreja, é claro, no centro da praça. A prefeitura também do lado esquerdo da igreja, na rua que leva o nome do avô de Deoclécio. Há ainda um centro assistencial liderado por Dona Margarida que, segundo dizem, funciona melhor que redação de jornal e agência de notícias. A delegacia - que também é prisão, na maioria das vezes abriga alguns bêbados e arruaceiros, além de um casario que, sabe Deus porque, é predominado de um fulvo entremeado de um vermelho fogo e um azul céu esplendor.

Por razões desconhecidas do populacho, Madame Sarah não só adquirira, como também habitava a antiga construção que coroava o morro da pequena cidade. De início, enfrentara a desconfiança de muitos dos poderosos que, hoje, em sua companhia passavam as horas livres. As beatas, porém, continuaram desconfiadas e acreditavam que a casa possuía uma passagem secreta, pois, muitas das mulheres, quando do desaparecimento de seus maridos, tinham certeza de que eles estavam no morro, mas depois de horas vigiando a entrada, não viam ninguém nem entrar nem sair.

A casa possuía muralhas espessas à maneira de uma construção medieval.

Quando chegou à cidade, Madame Sarah tratou de estabelecer contatos com os influentes, pois sabia de outras épocas do ranço que imperava nestas pequenas povoações. Tranquilidade assegurada, procurou restaurar o que restava da velha construção. Muitos que imaginavam aquilo um dia poder virar museu se perguntavam onde aquela mulher teria arrumado tanto dinheiro para comprar a construção, feito que nem a prefeitura conseguira.

As beatas logo ligaram o poder de compra à profissão, respondendo a todas as dúvidas emergentes, porém, logo após a restauração se apaziguaram. A razão? Simples. Madame Sarah mandara cobrir de gerânios as bordas da rua que dava acesso a casa. Eram frequentes, depois, singelas senhoras e virgens inocentes posando para fotos ao lado das flores en fleurs.

Havia noites em que por uma mágica qualquer, quase todos os homens do povoado desapareciam. Nessas noites a casa de Madame Sarah se iluminava e parecia avivar mais ainda o branco que cobria as paredes fazendo, mesmo à noite, justificar o nome do pequeno vilarejo.

Lá dentro, nas festas afrodisíacas, das personalidades presentes ora faltava um, ora outro, porque afinal de contas ninguém é bobo, muito menos as beatas. Em meio aos prazeres discutia-se política, história, religião; tramava-se golpes e ardis e, acima de tudo, tentava-se adivinhar quem teria sido o primeiro habitante deste pequeno castelo que nomeara o vilarejo e que, apesar das intempéries, mantinha-se forte. Mas isto não durava muito tempo não, pois quando as divagações divagavam, Madame Sarah apimentava a festa com garotas para lá de apetitosas.

Era a alegria geral!

Morro Branco tinha sim muitas vantagens; uma delas era que a natureza antecipava sempre a primavera, agora com muito mais flores. As encostas do morro floresceram de mil cores depois que Madame Sarah contratou um especialista em fazer chover sementes.

Na semana que antecedeu ao sete de setembro só não percebeu quem era mesmo muito descuidado: todos os homens, sem exceção, pareciam compartilhar alguma coisa em comum.

As mulheres, por sua vez, ansiosas e ao mesmo tempo angustiadas por saberem do que se tratava, fizeram de tudo. Dona Margarida, na condição de líder, chegou a desviar verba do fundo de assistência aos carentes na tentativa de subornar um espécime masculino. Pagou pela informação errada.

No sete de setembro, na missa pela Pátria, alguma coisa acontecia.

Os homens esperavam com ardor e um fervor histérico - jamais visto, a reunião noturna pelo progresso, que seria realizada em Rio das Antas, cidade vizinha.

Pouco depois da meia-noite Madame Sarah adentrou-se triunfante ao salão principal de sua reservada, porém pública e sofisticada fortaleza. A essa hora todos já sabiam o que tanto antes almejaram; Madame Sarah trouxera de São Paulo, acreditem se quiser, uma virgem de lábios de mel e cabelos negros qual as asas da graúna, que agora, era disputada a preço de ouro, de gado e de tudo mais que se possa imaginar. Todas essas negociatas eram caracterizadas por uma discrição tamanha que, mesmo entre os interessados, o tom de voz não ultrapassava o habitual e a linguagem adquiria um signo totalmente adverso e desigual à semântica que se propunha.

Num jogo aparente e teatral todos se portavam como se nada os interessasse. Momentos depois, Zulmira apareceu suntuosa ao lado de outra jovem tão parecida a ela que diziam ser uma só.

Deoclécio, ante a visão, quase teve uma vertigem e repentinamente jurara ter Zulmira só para si. No cair da madrugada declarara à Madame Sarah sua paixão pela moça, deixando um carro e algumas cabeças de gado à proprietária do morro e jurando casamento, para a decepção de toda a assembleia presente.

Passada uma semana Zulmira já estaria instalada em sua casa.

...

Na cama Deoclécio acariciava Zulmira pensando na primeira na noite em que estiveram juntos. Agora, passado o calor daqueles momentos, ainda pensava se alguém acreditara quando Madame Sarah comentara a inocência de Zulmira; sabia desde o início que fora enganado, mas não se importava. Todavia não conseguira dizer nada quando, perguntando a Zulmira sobre seu ar ingênuo e virginal, ela, meiga e sedutora, disse: “Ora, amor, por você faço tudo!” E metendo a mão dentro de suas calças, explicou: Madame Sarah é muito desenvolvida quando se trata de relações, são outros conceitos entende? E, de mais a mais, para você sou virgem, acabei de ser sua pela primeira vez. Isto já bastou, Deoclécio sentiu-se dominado ao extremo.

Agora nada mais tinha valor e só de lembrar-se da tarde anterior voltava a se excitar. Gozara tanto que seu sexo, duro, latejava ao imaginar a série de lances que marcaram a última transa que tivera com Zulmira. Resolvera ausentar-se alguns dias do trabalho, para melhor aproveitar esses momentos de descoberta com sua beldade.

Lembrou-se ter sido acordado por Zulmira, no dia anterior, que, nua arranhava-lhe o pescoço com os dentes, mordendo-lhe as orelhas. Deoclécio sabia que ia fazer tudo que fizera na noite anterior e um pouco mais, já que Zulmira era dotada de uma imaginação surpreendente e ele deixava-se levar. Zulmira começou a beijá-lo ardentemente enquanto lhe bolinava, apertando-o às vezes. Em um momento Zulmira apertou-o tanto que Deoclécio sentiu o prazer da dor. A partir daí entregou-se totalmente. Foi quando Zulmira mordeu-lhe o peito para, em seguida, sentar-se sobre seu sexo ereto, ansioso por penetrá-la. Deoclécio sentiu o calor de possuí-la aos poucos e Zulmira, como que trotando, subia e descia vagarosamente, levando-o à loucura.

Quando os gemidos de Deoclécio ganharam proporção animal Zulmira saiu como uma gata e, apanhando duas fitas vermelhas que até então estavam depositadas ao lado da cama, passou a amarrá-lo na cabeceira. Deoclécio sentia-se leve e deixou-se dominar. O fato de não poder erguê-la com seus braços fortes lhe intrigara um pouco, mas logo concordou com o jogo de Zulmira, que lhe tapou os olhos com uma terceira tira. A sensação de estar perdido e de estar sendo violado no âmago, na alma, fazia-no mais excitado, ao mesmo tempo em que seu sexo, teso, doloria, agitava as pernas. O próximo passo foi Zulmira amarrar-lhe as pernas. Imobilizado e vedados os olhos, Deoclécio deixou-se levar prestes ao gozo. Sentiu-se tomado por uma paixão intensa, contrária a qualquer fio de razão, pois imaginava-se num outro plano. Sentiu mesmo sua boca adormecer. Sentia a linha tênue entre a razão e a loucura. Jamais acreditara que o prazer pudesse chegar a tal êxtase.

Achava-se louco e acreditava que Zulmira, agora, eram duas. Estava delirando, pois era impossível que Zulmira fosse capaz de fazer tudo o que sentia. Com os olhos vedados, Deoclécio chupava Zulmira avidamente, chegando a introduzir quase que inteira sua língua no sexo de Zulmira, depois de tê-la explorado em cada milímetro. Esforçava-se por mais, procurando dar-lhe um prazer maior. Ao mesmo tempo, sobrepondo-se aos gemidos de Zulmira, alguém lhe sugava o sexo, engolindo-o inteiro. Deoclécio tinha dificuldades para respirar quando Zulmira retirou-lhe dos olhos a venda e, no êxtase, a surpresa de Deoclécio foi nenhuma, vendo a prima de Zulmira chupar seu sexo com gula. O tesão dominava-o por completo. Aos poucos Zulmira foi libertando-o e Deoclécio ora penetrava Zulmira, ora sua prima virgem, como passou então a chamá-la, sempre alternando as posições. Acreditava ter feito quase tudo quando a prima de Zulmira implorou-lhe que lhe fodesse o cu. Deoclécio, generoso, não se fez de rogado e penetrou-a com vontade. Neste instante Zulmira posicionou-se frente à prima que lhe chupava primeiro os peitos e depois o sexo com ardor. Suas mulheres gozaram prazerosamente para, depois, passarem a chupá-lo, dividindo seu sexo como um troféu. Deoclécio, depois de amar Zulmira e a prima, ouviu os passos de Irene. Não se importou.

...

Ontem, logo de manhã dirigiu-se ao povoado à procura do delegado para que viesse ver Irene que, não se sabe por que, suicidou-se de maneira bizarra, inovando. Mais que pesar, provocou surpresa e muita conversa entre o populacho.

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