Revista Philomatica

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Quando será?

O assunto é belicoso, mas não deveria ser. Por duas razões: primeira, quem afirmar a existência da oposição no atual cenário político está fadado a ledo engano; segunda, ainda hoje acredito piamente no ditado "Si hay gobierno, soy contra!".

Me explico: a ausência da oposição. Ora, a oposição aparece vez ou outra quando um senador qualquer resolve mostrar a cara na imprensa, num franco ato de marketing pessoal (e também porque precisa explicar de alguma forma a fortuna mensal que embolsa por representatividade tão chinfrim). Esbraveja daqui, esbraveja dali, mas no fim das contas, não consegue reunir uns poucos gatos pingados de seu partido - a oposição - que façam valer sua retórica. Isso, encara-se como teoria. Na prática, ah! a prática. A prática seria estar em campo oposto, confrontar, discutir, tergiversar e, sobretudo, mostrar, agir, mudar. Mas, não... Lembram-se dos mensalões? No mensalão do PT houve muita gritaria. Pessoalmente, acho que o dinheiro foi mal divido, daí a intensidade dos rumores. Quanto ao mensalão do PSDB, em Minas, alguns magoados, retrucaram. Mas, convenhamos: e o escândalo do Senado, capitaneado pelo senhor feudal Sarney? Lá, todo mundo calou-se, afinal o telhado sob o qual todos se abrigam é de vidro e, diga-se, frágil. Enfim, apareceu o DEM, que baniu a letrinhas PFL, empunhando a espada da cidadania, da justiça, da ética e deu no que deu, espirrou panetone para todo lado. Primeira razão esclarecida: não há oposição. Vamos à segunda: "Si hay gobierno, soy contra!". Por hora, é o Sr. Lula, uma moeda: lado coroa, uma notável inteligência política; lado cara, uma estreitíssima cultura, enfim, cara apagada.


Você deve estar se perguntado o por quê de tudo isso? Ora, lembram-se de que ontem falei de e-mails? Pois é, acabo de ler um belicoso, porém, cômico e que nos pede um pouquinho mais de paciência. Ei-lo aí:


Quando?


No programa de sábado, na Globo News, a comentarista Cristiana Lobo disse : 'Lula confessou aos amigos que quer ser lembrado pelo seu 2º mandato como um grande estadista, tal como Getúlio Vargas.'


A ideia parece excelente mas, todos nós, queremos saber: Quando será o suicídio?


Em tempo: recebi o e-mail em 29.12.2009, portanto, o comentário deve ter sido em 26.12.2009, mais uma prova de que Machado de Assis estava pleno de razão quando afirmava em suas crônicas que os mortos governam os vivos. É 2009 invadindo 2010, é Getúlio, o Pai dos pobres I, a sedimentar a caminhada do Pai dos pobres II.

Dica: Para saber mais sobre o adágio citado por Machado: verifique crônicas da coluna A Semana, publicadas originalmente do jornal Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro. Veja crônicas de 18.6.1893, 5.11.1893, 11.3.1894 e 7.7.1895, que encontram-se publicadas pela Editora Jackson e Aguilar (Obra Completa).