Revista Philomatica

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

A UOL e o nosso lixo de todo dia!

Às vezes, em busca do carro das ideias, obrigo-me a navegar por mares diversos e, a exemplo do que tem ocorrido no Caribe, encontro em sites de notícia verdadeiras ilhas de lixo. As águas são profundas e as inteligências parecem obnubiladas. Como os excrementos humanos, o lixo traz odor repugnante, mas nem por isso o homem tem se afastado dele, ainda que esteja habituado a aromas que enlevam os sentidos.
Não bastassem os famosos lixões físicos, agora os virtuais têm ganhado relevância. Alguns sites de notícia e jornais, em razão da longa sobrevida perderam seu objetivo primeiro. Hoje, embora finjam afrontar o sistema, tornaram-se conservadoras ilhas de lixo. No máximo, ousam nas manchetes acreditando que isto lhes confere alguma crítica.
Não é mistério a parcialidade da imprensa, assim como não é segredo que seu motor é o capital, ainda que venda ideias socialistas. Tudo é movido a dinheiro e depende do dinheiro. A UOL, por exemplo, não é boazinha com gays, travestis, transexuais, Jojo Todynho, Pablo Vittar e companhia. Ela só o é por dinheiro. Qualquer fake new fabricada e/ou republicada por ela acirrando a animosidade de internautas e incitando-os à polêmica, ela só a publica porque isso reverte no vil metal. É curioso ver seu diretor de conteúdo, em seminário no Senado, afirmar que se deve punir plataformas como Facebook e Twitter “pelo bolso”, pois ganham dinheiro com isso.[1] Isto se assemelha a um seminário contra a corrupção em que os principais palestrantes são Cunha, Aécio, Temer, Lula e companhia. Ouço o tilintar das moedas e vejo Liza Minnelli, em Cabaret, a chacoalhar as mãos e os ombros a cantar Money, money, money...
Esse vender a alma ao assessor do diabo é algo rasteiro, nadar a ver com o trato de Fausto, sedento por conhecimentos e outros prazeres mundanos. Fausto, se prejudicou alguém, foi a si mesmo. A UOL, não! O Universo online da Folha é muito pior: prejudica os leitores, emburrece e embrutece-os a conta gotas, tal remédio prescrito a longo prazo.
A seletividade da UOL é escrota. Tome-se, por exemplo, o caso não muito recente de assédio que envolveu o ator José Mayer. Pois bem, as reportagens sobre a história eram frequentes; ainda que não houvesse nada de novo a ser dito, trocava-se a manchete e induzia-se o leitor à releitura, de modo a não fazê-lo esquecer que se deveria punir o ator, fosse como fosse. O que interessava a UOL era o veredicto. É óbvio que o ator deveria acertar suas contas com a justiça, mas a UOL tomou as rédeas do judiciário e decretou sentença.
Agora, estabeleçamos as comparações: a UOL reproduz diariamente, em forma de diário, o dia-a-dia dos integrantes em um reality show dos mais vulgares, embora muitos façam dele seu jantar.
Confinados em uma casa, homens e mulheres dão azo às suas mesquinharias e desejos, esquecendo de que estão frente às câmeras. Incitados por diretores em busca de audiência, passam ao largo de qualquer discrição e fundam o pé na lascívia, embalada, não raro, com o nome de cultura, e sempre transformada em dividendos.
Pois bem, na maison do atual lupanar confinou-se uma família: pai, mãe, filha e sobrinho. O pai, cheio de amor filial, colocou-se a beijar a filha diante das câmeras. Não bastassem os beijos voluptuosos, internautas compartilharam cenas em que o pai sarrava a filha na cama e tocava suas partes íntimas. Assédio? A Globo não viu nada! A UOL, guardiã das mulheres ultrajadas? Também nada viu!
Ora, ao comparar a cena ao feito de José Mayer, qual a diferença? A meu ver, nenhuma, razão pela qual argumento a existência de vínculos promíscuos entre o canal odiado pela esquerda e a folha que se diz repositório das ideias oposicionistas. A teoria conspiratória, no caso, é que sob a máscara ambas cabalam para a afirmação de um sistema de alienação da massa.
Não à toa, usam comumente a estratégia da distração, suprimindo do público a reflexão aprofundada do que é essencial, distraindo-o constantemente para que se afugente dos problemas sociais que quotidianamente subvertem sua vida. Em troca, enchem sua cabeça com lixo e mais lixo.
No mais, nas vezes em que se dirigem ao público, tratam-no como criança, usam de um discurso rasteiro, simplório e dotado de certa infantilidade como se ele, o público, fosse incapaz de emitir qualquer posicionamento crítico e por isso, só por isso, dependesse deles, os supremos jornalistas, para o mínimo entendimento.
O resultado disso é que as televisões, jornais e sites, no moldes em que se encontram, acreditam na imbecilidade do espectador. Em consonância com o sistema – porque também lucram com isso -, mantêm o público na ignorância. É por essa razão que em sites como a UOL não se discute a qualidade da educação, por exemplo. Ali, a educação só vem à tona quando surge um caso de violência em sala de aula, seja professor agredido por aluno, seja aluno tratado em desconformidade à ideologia de bolso que o site patrocina no momento.
Assim, sites como a UOL, encarregam-se do café da manhã do “cidadão”, pois dispõem de tecnologias que possibilitam conhecer seu gosto - às vezes, conhecem-no melhor que ele mesmo. Isso porque, a contas gotas, ao longo de décadas o têm tratado como estúpido, servindo-o lixo como se fosse ambrosia. Fazendo-o acreditar na intolerância e na liberdade, manipulam-no diariamente de acordo com seus próprios interesses, a ponto de o público só se indignar quando a UOL quer; reprisando, desse modo, o reality, e fazendo de uma horda de internautas desavisados, seus brothers.  



[1] https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2017/12/12/fake-news-nao-e-erro-e-proposital-diz-diretor-de-conteudo-do-uol.htm

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